O Programa Mais Educação do CAIC tem passado por algumas mudanças desde sua implantação em junho deste ano. Houve substituições na monitoria de Informática, que iniciou com um monitor e, após o retorno das aulas tivemos que procurar outro, pois o primeiro teve que sair para assumir um emprego novo. Recentemente tivemos que colocar uma nova monitora para ajudar na oficina de Letramento, para melhorar o atendimento aos alunos, uma vez que boa parte destes, ainda não está suficientemente alfabetizado, e trabalhamos com turmas multiseriadas, uns sabem ler e escrever e outros não.
Outro problema que estamos tentando corrigir é a ausência de muitos alunos e a indiferença dos pais com relação ao programa. Muitas crianças deixam de vir a escola no contraturno para participar das atividades do PME, no entanto, conversando com alguns colegas e pais, elas ficam em casa sem o devido acompanhamento.Algumas crianças se queixam das aulas, que consideram monótonas e da indisciplina de uma grande parte dos colegas. A maioria gostaria de participar somente das aulas de informática, dança e futsal. Se para algumas crianças o programa deve ser uma brincadeira, outras se queixam de ser apenas isso, mas não o é. Há oficinas de Matemática, Letramento e Xadrez.
Conversamos muito, coordenadora e monitores e estamos sempre mudando na tentativa de encontrarmos um norte para o bom desempenho do programa, que não deve ser encarado como uma coisa à parte da escola, mas como parte integral desta, como mais um meio de contribuir para o sucesso escolar em todos os sentidos.
Enfrentamos com dificuldade a indisciplina por parte de alguns alunos, já bastante trabalhada na escola, através de reuniões periódicas com psicólogas- há alunos com todo tipo de problemas, falta de pais, morando com avós, padrastos, madrastas, meninos de rua.Quando precisamos falar com alguém da família, nos perguntamos: falar com quem? Há alunos bons, atenciosos, mas infelizmente, todos precisando de ajuda e de melhorar o seu desempenho escolar.
Pequenas mudanças tornam-se perceptíveis, apesar de muitos ainda se agredirem fisicamente e ameaçarem-se mutuamente, após uma boa conversa eles conseguem se controlar, os monitores até conseguem dar as aulas tranquilamente para três turmas -são quatro. Muitos monitores falam em desistir, mas com algumas interferências, inclusive nas aulas, o que acontece constantemente, eles permanecem, as vezes chateados, outras esperançosos de que no outro dia será diferente.
Se perguntarem aos alunos do que eles mais gostam na escola, falarão de Futsal - todos querem jogar, de Informática - eles correm para chegar logo no laboratório e pegar um computador - Há três computadores funcionando no momento. O monitor precisa revezá-los. Muitos alunos gostam de dança e querem se apresentar nas festas. Muitos falam que não gostam de Letramento e de Matemática, mas na verdade, não é que não gostem, eles simplesmente não sabem ler e escrever ou contar, isso os exclui das atividades, os torna inferiores. Uma forma de esconder o seu descontentamento é fugir destas oficinas. Os monitores já estão sabendo disso, há uma promessa por parte desses de melhorar as aulas.
O que os alunos mais gostam - é unanimidade, de comer na escola. Eles entram no recreio pela manhã e fazem o primeiro lanche, na hora do almoço eles ganham uma refeição completa: arroz, feijão, carne, ovos, verduras e frutas, e a tarde têm outro lanche (coincide com o outro recreio) e só depois retornam para casa. De vez em quando uma mãe resolve visitar a escola na hora do almoço. Fazer o que?
Soluções encontradas: uma nova monitora de Letramento, com método mais adequado para as crianças semi analfabetas. Promoção de campeonatos -entre eles mesmo, pelo monitor de Futsal. Tornar a hora do almoço mais agradável com homenagens, começamos pelo Dia das Crianças e continuaremos com outras homenagens. Chamar os pais-mães mensalmente para renovar o compromisso de enviar o/a filho/a para escola, conversas diária com monitores em busca de soluções. Estas são as mais imediatas, a longo prazo teremos muito mais o que fazer, por enquanto, ainda estamos preocupados com a permanência dos alunos no programa e a ensiná-los a ler e a escrever.
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